O lançamento da experiência imersiva está marcado para o dia 16 de agosto, a partir das 15h, no Box Preparação, bairro do Cordeiro
Mergulhando nas profundezas da ancestralidade, a artista visual pernambucana Vitória Vatroi revela um universo extraído do barro e representado no curta-metragem de animação: “Magma – a noite em que ouvi o fogo”, uma criação colaborativa com os artistas At4ci e Fracto. O filme será lançado no dia 16 de agosto, a partir das 15h.
Em magma a gente pode perceber que a câmera ela acontece em primeira pessoa, então ela dá ao espectador uma sensação de que ele está vivenciando aquilo e aí a gente vai cair dentro de um buraco que é dentro desse mundo”, explica a artista pernambucana sobre a criação.
Para além do filme, o evento convida o público para adentrar no universo de Magma, que teve seu desenvolvimento a partir da pesquisa da artista sobre memória, tempo, tecnologia digital, território e natureza, dando forma a um mundo subterrâneo povoado por criaturas vivas feitas de barro.
Assim, Vitória conduz o momento com um grande encontro entre o público e as suas criações interativas. As pessoas poderão participar de uma roda de conversa “Reflorestar imaginários – sonhar para imaginar outros mundos”. Também terão esculturas expostas, jogo do metaverso com óculos VR, uma obra com projeção mapeada e uma vivência com barro ministrada por Vitória Vatroi. Todas as atividades serão gratuitas.
Continuação de um estudo sobre a tradição ancestral do barro que iniciou com o curta-metragem Deságue e, agora, manifesta-se em Magma, unindo cerâmica e tecnologia. Magma expande o alcance da produção contemporânea e incentiva uma nova geração a se reconectar com o barro, enquanto uma linguagem viva, ancestral e transformadora.
É em Deságue que os ancestrais do Magma aparecem pela primeira vez, em uma interação/aparição compondo o universo fabulativo. Em Magma, sou motivada a trazer um diálogo entre arte e tecnologia, a fim de expandir as práticas e experimentações artísticas. O projeto é um convite a atravessar as camadas do tempo, a desvendar como o passado nos habita e desenhar outros futuros”, frisa Vatroi.
Deságue inunda a mostra Alumbramento em Brasília
O curta-metragem Deságue, de Vitória Vatroi, integrou a exposição Alumbramento, no Museu Nacional da República, em Brasília. A mostra compôs a programação do Festival Latinidades 2025, que chegou a 18ª edição, reunindo 25 artistas negros e indígenas de diversas regiões do Brasil.
Com direção e performance de Vitória Vatroi, Deságue é um curta afro-surrealista que fabula memórias negras a partir do barro e da terra. A obra nasceu de uma imersão da artista em Tracunhaém, cidade da Zona da Mata de Pernambuco, reconhecida por sua tradição ceramista e por ser território ancestral da família de Vitória. Ao revisitar esse solo e suas práticas com o barro, herdadas, sentidas e sonhadas, ela reconecta sua trajetória artística a sua linhagem espiritual e familiar.
As máscaras cerâmicas de inspiração negro-africana criadas pela própria artista e trilha sonora da música “Cazumbá”, do pianista Amaro Freitas, convidam o público a refletir sobre a memória como matéria moldável, não ausente, mas viva, em constante processo de escuta e invenção. No Museu Nacional da República, a obra visual ocupa a ala Mûsoni (Sul), até o dia 24 de agosto, dedicada ao invisível, o sonho e a potência ancestral que conduzem o fazer artístico.
Para Vatroi, fazer parte da exposição e representar Pernambuco foi um momento de celebração, como também de fortalecimento coletivo.
“Estar em Brasília para participar do Festival Latinidades, não só com a minha obra, mas enquanto artista, expande as possibilidades de encontros e oportunidades. Possibilita trocas com o público e com outros artistas, que são de várias regiões do país. Este é um momento de celebração, encontro e fortalecimento coletivo”, salientou a artista.
A exposição Alumbramento, sob curadoria de Nathalia Grilo, propôs uma experiência imersiva, sensível e espiritual, apresentando práticas artísticas que nascem à margem dos grandes centros institucionais e resistem às lógicas hegemônicas da arte, que ficou exposta até 24 de agosto, com entrada gratuita.
Confira o filme Deságue: https://youtu.be/QngkMUO8RbI?si=9zuWKviocx-wSiap
Sobre Vitória Vatroi
Com uma trajetória de mais de 10 anos nas artes visuais, Vitória Vatroi atua de forma multidisciplinar e independente. É integrante dos coletivos Arte Negra e Indígena (CARNI) e Trovoa/PE, atuando nas áreas de pesquisa, direção de arte, cinema e design. Sua prática investiga as narrativas impostas à população negra, propondo novos caminhos de escuta e criação a partir do corpo, da memória e da ancestralidade.
A experiência em Tracunhaém e a imersão nas práticas da cerâmica também levaram a artista a fundar, em 2024, o Estúdio Mawú, espaço onde desenvolve coleções de luminárias e objetos que misturam arte e design, realiza pesquisas e colaborações com mestres ceramistas e outros artistas visuais. O espaço é continuidade da obra viva iniciada em Deságue e parte de seu compromisso com a construção de saberes artísticos sustentáveis, comunitários e profundamente enraizados.
Serviço
Lançamento de “Magma – a noite em que ouvi o fogo”
16 de agosto, a partir das 15h
Local: Box Preparação (Rua Francisco Vita, 37. Cordeiro – Recife/PE)
Acesso gratuito

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